ZUILA CARVALHO RADIOWEB

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Adolescente matou ex-namorada para ganhar aposta com amigos no Facebook

Não se pode comparar, em números, significado e dimensão, o massacre da Noruega com um crime pessoal e gratuito como esse, ocorrido na Grã-Bretanha. 

Em barbaridade, porém, eles se igualam. Alguns pontos ligam um a outro assassino: a crueldade sem limites, a loucura, a sensação de impunidade, a prepotência e a desvalorização da vida.

Joshua Davies, 16 anos, um garoto aparentemente bem integrado, com notas boas na escola, vivia com os pais, religiosos, e sonhava se tornar primeiro-ministro. Ontem, foi condenado no tribunal de Swansea, por matar, com repetidos golpes de pedra na cabeça, Rebecca Aylward, 15 anos. A aposta com amigos no Facebook envolvia um “prêmio”: um café-da-manhã de graça, caso ele realmente matasse a menina, como dizia, em mensagens cifradas, ser capaz de fazer “com facilidade”.
 
Os amigos duvidavam. Na foto que abre este post, os dois adolescentes juntos e aparentemente parceiros, quem desconfiaria? Joshua e Rebecca se conheceram com 11 anos e, recentemente, tinham namorado durante três meses. O rapaz era querido pela família da jovem, recebido em casa, desfrutava a confiança dos pais dela. Eles terminaram o namoro e, quando o rapaz ligou para ela de novo, todos ficaram felizes. 

Rebecca comprou roupa nova, achou que iam reatar. Não voltou para casa na hora combinada, mas a mãe, Sonia, estava descansada porque “ela estava com Josh”.
A pedra era do tamanho de uma bola de rugby.

A investigação da tragédia mostrou como Joshua usou a internet, as mensagens de texto e as redes sociais para planejar a morte da menina. Semanas antes do crime, um de seus amigos prometeu “pagar um café-da-manhã para ele” caso executasse o plano mórbido.

Dois dias antes de matar Rebecca, Joshua disse ao amigo: “Acho que você vai ter de me pagar o lanche”. O amigo brincou: “Seu sádico, quero ver”. Hoje, ele diz achar que tudo não passava de gozação, de brincadeira inofensiva.

A sentença ainda não foi decretada, porque o juiz aguarda o relatório psiquiátrico. Mas as fotos e o nome de Joshua foram divulgados porque, segundo o juiz Lloyd Jones, é necessário identificá-lo em nome do interesse público. 

O crime ocorreu em outubro do ano passado e, até hoje, não se conhecia o rosto e o nome de Joshua por causa de sua idade. Leia a reportagem na íntegra aqui, em inglês.
Os pais de Rebecca emitiram um comunicado no tribunal ontem: “Rebecca foi morta num ato selvagem e sem sentido. Ela morreu nas mãos de alguém que amava e em quem confiava. 

Nunca esqueceremos o que ele fez ou o perdoaremos por destruir nossa família”. segundo reportagem do jornal The Guardian, Joshua manteve-se impassível durante o julgamento – e, caso a foto ao lado seja mesmo de sua chegada ao tribunal, ele estava sorrindo. Só chorou quando soube que seu nome seria divulgado.

No dia em que Joshua a chamou para conversar, Rebecca acordou às 6h da manhã para se arrumar e se maquiar. Vestiu a roupa nova que tinha comprado na véspera.
Horas depois, estava morta, numa floresta da região, com o rosto para baixo, na lama.

Para provar que tinha ganhado a aposta, Joshua chamou um amigo até o lugar do crime para ver o corpo de Rebecca. Segundo o amigo, não identificado, ele disse: “Você imagina como é difícil quebrar o pescoço de alguém? Tentei mas como ela gritava, peguei a pedra”

No Facebook, colocou mensagens dizendo estar em casa e se mostrando preocupado com o sumiço dela. Ele ia voltar à noite ao local para enterrar o corpo mas um de seus amigos alertou a polícia.

Embora os amigos falassem bem dele, Joshua tinha fama de ciumento e havia espalhado boatos de que Rebeca havia feito um aborto e que tentava engravidar de novo para impedir a separação.

Em uma de suas mensagens aos amigos, disse que ia jogar Rebecca num rio ou de cima de um precipício, ou mesmo envenená-la.
Nenhum amigo o levou a sério.

Diante das fotos publicadas na imprensa inglesa, o que dizer? Joshua não sofria bullying, os pais não eram separados, ele não era sozinho, tinha muitos amigos, sucesso pessoal, não há informações sobre drogas.

Em alguns momentos, não há causa tangível. É a loucura humana. Que pode estar travestida de um fanático com gosto por fardas ou de um adolescente vizinho que mata por tédio ou auto-afirmação.

Como prevenir a morte estúpida de uma adolescente, uma debutante na vida? Que deixou inconsoláveis os pais, um irmão e uma irmã, confrontados com a maldade em seu nível mais alto?

Temos a impressão de que os namoros adolescentes são inofensivos, rápidos, paixonites sem importância. E a maioria  é mesmo. Mas ficaríamos assustados de ver que a violência não é nada incomum.

Segundo um estudo da Fiocruz publicado no ano passado, 85% dos jovens relataram já ter sofrido algum tipo de agressão, verbal ou física do parceiro ou parceira. Os pesquisadores ouviram 3205 estudantes de 15 a 19 anos de escolas públicas e privadas e chegaram à conclusão de que praticamente nove em dez jovens haviam praticado ou sofrido tipos variados de violência, como xingamentos e tratamentos hostis.

Joshua e Rebecca eram um casal de jovens britânicos, mas poderiam ser brasileiros – ou de qualquer outro lugar. Fico me perguntando o que poderia ter salvado a vida de Rebecca.
Talvez se devam levar mais a sério, nas redes sociais, ameaças de suicídio e crime. Se alertas fossem disparados antes, Rebecca talvez estivesse viva.

Fonte: Epoca

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