ZUILA CARVALHO RADIOWEB

Pesquisar Neste Blog

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

5 minutos com Ney Matogrosso

Soube de última hora que entrevistaria Ney Matogrosso. O aviso veio por SMS, pouco tempo antes de começar o show. Ney cantaria acompanhado pela banda Isca de Polícia, que acompanhava Itamar Assumpção, morto em 2003. Já tinha algumas perguntas na cabeça, mas, no caminho, achei que seria boa ideia encomendar perguntas aos fãs. Eu queria sair da mesmice.

Dentro do ônibus, tomei coragem e abordei a primeira vítima. De cara, perguntei se ela gostava do Ney. Só depois me apresentei e expliquei meu objetivo. Mesmo assustada com a pergunta inesperada, ela disse que gostava muito dele. “Só de começar a ouvi-lo, fico emocionada”, disse. Expliquei que ela poderia fazer uma pergunta a ele, se quisesse. E ela quis.

Foi assim com outras cinco pessoas que abordei. A essa altura eu já estava no metrô. O último a “perguntar” foi um fã que tentava comprar ingresso na porta do SESC Vila Mariana, onde ocorreu o show. Achava a missão dele impossível, porque os ingressos esgotaram em poucas horas. Fiquei feliz quando reparei que ele tinha conseguido e estava na fileira atrás de mim.

De camiseta de manga comprida azul e calça preta, Ney subiu ao palco. Dessa vez, não teve fantasia e Ney começou contido. Foi esquentando. Quando estava, enfim, dançando, a plateia uivava: “Lindo!”, “maravilhoso!”, “gostoso!”, “delícia!”, “espetáculo!”.
Lembrei de uma garota que abordei no metrô. 

Ela me disse para tentar conseguir perguntas com os mais velhos, porque “é difícil achar fãs mais jovens do Ney” (não é o que a minha experiência pessoal me diz, entretanto). 
No fim, ela acabou confessando que bem que gostava “daquele corpinho”.
E Ney sabe que o povo gosta do “corpinho” dele. 
Tanto que, ao fim do show, para o êxtase absoluto dos fãs, levantou a camiseta. Gritos. Elogios. Era o bis. 
A música era Sangue latino.

Fui levada ao camarim assim que o show acabou. O assessor foi enfático ao dizer que eu só tinha cinco minutos (deveria ser proibido ter só cinco minutos com alguém como Ney Matogrosso). Não ia dar para perguntar tudo. Então fiz só três questões: 

Quando você grava um disco, você pensa no seu público ou a inspiração independe das pessoas, vem de dentro e acaba dando certo?

Ney Matogrosso – Eu estou fazendo para eles. 
Tudo o que eu faço é para o meu público. É para chegar e mostrar no palco. 
Coloquei o foco da minha vida nisso.

Como você enfrentou o preconceito durante a sua vida? (Paulo Batista)
Ney Matogroso – Eu ignoro o preconceito. É a minha vida, e não estou nem aí. Ignoro como ignorei a ditadura. Era como se eu vivesse no país mais livre do planeta. Sou uma pessoa que trabalha, que vivi bem a minha vida. É isso que me interessa. Quem vai regular a minha vida privada? O Estado? A Igreja vai opinar? Eu exijo respeito.

Conta uma história boa com o Itamar, a boa do Itamar! (Fábio Dellore)
Ney Matogrosso – Não convivi muito com o Itamar, mas todas as vezes em que estivemos juntos foram histórias boas. Gosto muito das canções que ele compôs, são excitantes. No meu próximo disco, vou gravar uma dele que toquei no show de hoje.

Fonte: Epoca.Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário