ZUILA CARVALHO RADIOWEB

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

SOLTEIRO SEM DINHEIRO...


ficar solteira tem seu lado bom, mas vamos combinar que também tem algumas desvantagens. Não só emocionais como financeiras. Ficar solteira é sinônimo de prejuízo – pelo menos para nós mulheres (aos homens se aplica a regra inversa).

- Vamos para onde hoje, meninas? – perguntava Lili empolgadíssima e pronta para balada.

- Eu só estou indo do quarto para sala – eu respondia ao checar minha conta bancária no internet banking.

- Ah, gente, vamos ficar em casa?!

- Eu, pelo menos, vou, Lili. Tô lisa. Mal tenho dinheiro para comprar o pão de amanhã.

- E o cartão de crédito?

- Tá estourado.

- E o limite do banco?

- Já estou no limite do limite. Nessas horas até sinto saudades do Pierre...

- Lá vem você metendo homem na conversa – resmungava Betina que ouvia nossa conversa enquanto fumava na varanda.

- É, sério, gente. Quando eu estava com o Pierre, eu mal abria a minha carteira. Ele ficava furiosíssimo se eu quisesse pagar a conta... e o pior é que a besta aqui insistia em dividir...direitos iguais. Que besteira! Devia era ter feito uma poupança para quando ele me desse um pé na bunda.

- Não, exagera, Diana. Eu pago para você. Depois você me acerta. – dizia Lili, a endinheirada da turma. Eu até me esquecia que para ela dinheiro não era problema.

Uma das coisas boas é ter amigas. Elas sempre te ajudam quando você está na pindaíba. E, o melhor de tudo, não te cobram nunca. É uma dívida eterna. Uma mão lavando a outra.

Apesar de eu ter amigas para me socorrer nos desesperos financeiros, nem sempre me sinto à vontade de recorrer a esse meio. Ás vezes, prefiro inventar outra desculpa a sempre ter que pedir emprestado. “Ah, hoje eu não estou afim”, “Estou com dor de cabeças”, “Já tinha outro compromisso” e assim vai.

Ficar solteira e na caça de um príncipe é investimento e prejuízo dobrado. A gente gasta para arrumar o cabelo e fazer as unhas no salão para ficar bonita para conseguir um peixe. A gente gasta para comprar aquele vestido que você namorou a semana inteira e vai combinar perfeitamente com a balada. A gente gasta para abastecer o carro, para pagar o estacionamento, para pagar a entrada da balada, para pagar as bebidas, os aperitivos...e em alguns casos até o motel do fim de noite. Não há conta bancária que agüente.

- Definitivamente, vou dar um tempo nas baladas. Olha só esse rombo na minha conta e no cartão de crédito?! – eu choramingava ao abrir o meu extrato bancário e a fatura do cartão– Como eu pude gastar tanto assim?

- Realmente, acho que a gente tem saído demais. Eu também vou ter que dar uma maneirada ainda mais agora que estou querendo ir para Europa nas férias. – planejava Betina.

- E eu? Vou sair sozinha? Ah, não. Eu protesto.

- Protesta o quê, Lili? E você vai pagar as nossas contas, por um acaso? – gritava Betina inconformada.

- Ai, que saudades do Pierre...que tempo bom que não volta nunca mais.

- Pelo menos, você tem um tempo bom para se lembrar. Pior sou eu que só pego pé rapado e sempre divido a conta. Se bem, que eu me nego a ser bancada. – dizia Betina

- Por isso, fica aí choramingando que não tem dinheiro para viajar para Europa. Acho que vou ligar pro Pierre...


- Falando nisso, o Otávio foi lá em casa ontem...me pedir uma grana emprestada...

- Até quando você vai ficar bancando aquele pé rapado, Lili? Você, uma donzela, rica de berço... ao invés de arrumar um herdeiro vai ficar bancando assalariado?!

Esse tipo de discussão entre amor e dinheiro quase sempre era longa. Mesmo sendo amigas, nossa situação financeira é bem diferente. A Lili não tem noção do que é dinheiro. Ela nunca precisou correr atrás dele, ela tem ele! A Betina é dona do próprio negócio, ótima administradora, mas às vezes passa por uma maré brava. E eu, assalariada, dependo do meu mísero salário no fim do mês que nunca dá para pagar todas as contas que despencam na minha cabeça. Por isso, essa minha insistência em não ficar sozinha e ter alguém RICO, RICO, tá me ouvindo Deus?

***

- Que tal um filminho e uma pipoquinha hoje, meninas? – dizia Betina com uma voz angelical nada típica.

- Eu acho ótimo. – concordei prontamente sem ter que assumir que não tinha dinheiro para mais uma balada.

- Ah, tá bom. – incrivelmente até Lili concordou com o programinha caseiro.

Quando isso acontecia, uma coisa era certa. Estávamos duras. Ninguém admitia muito, mas todas nós sabíamos que estávamos na mesma lama. E era bem legal porque a gente curtia juntas e nos divertíamos da mesma forma.

Essa é mais uma vantagem. Ter amigas que também ficam na pindaíba como você e até nisso são unidas.

- Nossa, eu ia adorar uma pizza e uma cervejinha agora hein? – dizia Lili com água na boca.

- Ai, meninas, a pipoca tá uma delícia...- disfarçava Betina.

- Eu também acho. – concordava.

- Já sei...estamos lisas né? – questionava Lili.

Imediatamente nos olhávamos e ríamos admitindo a nossa dureza. Daí, a gente juntava nossas moedinhas, víamos quem tinha mais limite no cartão e no banco. E com a grana da vaquinha a gente comprava uns aperitivos para comer e ficarmos numa boa.

Mesmo curtindo esses momentos, admito que minha conta continua no vermelho e, se você souber de alguém para me deixar no azul, pede para passar lá em casa...antes que eu tenha que ligar para o Pierre.
fonte: universo de mulher
site: http://www.universodamulher.com.br

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